Saudação à Juventude Terena – VII Assembleia do Povo Terena

Entre os dias 6 e 9 de maio, ocorreu na Terra Indígena (T.I.) Cachoeirinha, localizada no município de Miranda, a VII Assembleia do Povo Terena. Além da reafirmação de que o povo Terena não transigirá de seus direitos, as lideranças que compõem o Conselho Geral deste povo, instância legitimada pela base, reafirmaram o firme compromisso com a retomada e a autodemarcação dos territórios tradicionais.  Na ocasião, a OCC-MS (RECC/FOB) se fez presente a convite de lideranças e levou uma saudação especialmente dirigida à juventude Terena. Segue a carta apresentada durante o evento.


Saudação à Juventude Terena – VII Assembleia do Povo Terena

Nós, estudantes do povo e filhos da classe trabalhadora, organizados na Rede Estudantil Classista e Combativa (RECC) e no Fórum de Oposições pela Base (FOB), saudamos especialmente a juventude Terena pelo marco organizativo e avanço político que representa esta Assembleia.

Há muito, os estudantes combativos não-indígenas se inspiram na garra, audácia e valentia do povo Terena. Além da bravura deste povo, inspiram-nos também pelo esforço paciente e persistente de unificarem as lideranças e anciões em favor da retomada de seus territórios tradicionais, acima das diferenças religiosas e políticas, mas fiéis aos anseios mais justos do povo Terena.

Inspiram-nos, ainda, pela dedicação em construírem a luta de forma que todas as vozes sejam ouvidas: famílias, aldeias, homens e mulheres, jovens e anciões. Saudamos por reconhecerem a capacidade de liderança e comprometimento das mulheres e jovens, que cada vez mais assumem responsabilidades coletivas e comunitárias, sendo ouvidos com respeito e tratados com igualdade. Principalmente, é notável a humildade que a juventude Terena tem ao ouvir e aprender com os mais experientes, aqueles que travam as lutas há muitas gerações, mantendo a história desse povo guerreiro viva através de palavras e AÇÕES.

Quando um jovem Terena assume a linha de frente na batalha por direitos e território, todos os povos explorados e grupos oprimidos avançam. A juventude não-indígena que está verdadeiramente comprometida com o fim das injustiças deve se dobrar com humildade para aprender com o povo Terena como se organiza a luta: com disciplina, democracia, valentia, independência e união.

Também aprendemos com o povo Terena que as vitórias são alcançadas apenas com a luta. Que nada devemos esperar de nossos inimigos, que o Estado governa para os ricos, que o judiciário é submisso ao agronegócio. Entendemos que a Retomada e a Autodemarcação são as táticas que trarão verdadeiros avanços; no mesmo sentido, reconhecemos que a ocupação de prédios públicos é ação necessária para obrigar o Estado e sua mídia a repercutirem aquilo que têm a dizer.

O povo Terena nos ensina que negociar direitos nunca trouxe vitórias parciais, trata-se apenas de pavimentar a trilha rumo à derrota derradeira. Que a honra e a dignidade de um povo não estão à venda, muito menos em troca de “tapinhas nas costas”, cargos políticos ou cestas-básicas. E, graças à autonomia do movimento indígena, frente ao oportunismo político e promessas vazias, que a bravura e trabalho não serão em vão: a vitória está no horizonte!

São essas algumas das muitas lições que os movimentos estudantil e sindical devem aprender com o Povo Terena e demais povos em luta. Saudamos-vos e estendemos nossas mãos para a luta solidária contra a retirada de direitos, historicamente conquistados com muito suor e sangue pelos povos indígenas. “Ir ao combate sem temer! Ousar lutar, ousar vencer!”.

Viva a Retomada!!! Por terra e liberdade!

Em defesa da autodeterminação dos povos e do autogoverno da classe trabalhadora!

 

 

Assinam esta carta:

– Oposição Classista e Combativa ao DCE da UFMS (OCC-MS/RECC)

– pró Comitê de Cultura e Luta de Campo Grande/MS (pró CCL/FOB)

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Arte pública, luta do povo!

Dia 14 de abril, a OCC-MS (RECC/FOB) realizou debate na UFMS com artistas e trabalhadores do ramo da Cultura, atividade que também contou com a presença de estudantes de cursos variados e secundaristas, professores e apoiadores do movimento “SOS CULTURA”. A mesa foi composta por representantes de setores e linguagens diversificados, tal como teatro, audiovisual e artes plásticas/artesanato. Agradecemos a participação dos presentes e reafirmamos nosso apoio à luta popular pela Arte Pública, ao lado do movimento “SOS CULTURA”.

Antes de tudo, salientamos a necessidade dos estudantes e respectivas entidades de base (grêmios e centros acadêmicos, CAs) e demais representações estudantis incorporarem as pautas elencadas pelo “SOS CULTURA” e atuarem junto ao movimento. Pautas estas que não se limitam ao tão habitual corporativismo sindical, mas abarcam áreas como Saúde, Educação, Infra-estrutura Urbana, Moradia, Diversidade, Liberdade Religiosa e etc.

Entretanto, lamentamos, especificamente, a ausência das entidades representativas dos estudantes dos cursos de Licenciatura em Música e Artes Visuais (UFMS) e de Artes Cênicas e Dança (UEMS) na atividade. Não apenas pela pertinência temática (Cultura e Arte) do debate, mas porque é obrigação política do Movimento Estudantil debater carreira e as condições de trabalho que os estudantes encontrarão adiante – além de, obviamente, organizar a luta por condições dignas de estudo.

A OCC-MS, além de apoiar o movimento “SOS CULTURA” pela justeza das pautas, tem especial interesse em compreender como estão se dando as experiências auto-organizativas dos artistas, pois estes acabam, indiretamente, por evidenciar uma lacuna do movimento sindical, em geral: a desorganização de categorias e setores contratados sob formas jurídicas precárias. Ainda, tal experiência que observamos se dá a partir da organização por ramo e setor, e não nas modalidades corporativistas por função estrita. Tudo isto, dialogando dinamicamente com os interesses populares!

O Sindicalismo Revolucionário (estratégia defendida pelo FOB) tem como tarefa atual superar o obreirismo e a fetichização do “sujeito revolucionário” e organizar os setores preteridos por aquela esquerda apartada da realidade, que se recusa a admitir esta conjuntura de reestruturação produtiva e, por conseguinte, se adaptar às novas demandas.

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O que debatemos?

Alguns dos pontos debatidos na atividade foram: estratégias de luta, necessidade de associação e articulação entre os movimentos de massas; compromisso social do artista; compreensão e defesa do “Público”, em oposição e combate às políticas veladas ou explícitas de privatização; privação de uso do espaço público e luta pelo direito à cidade; organização de categoria e classe.

A privação do acesso aos espaços públicos (praças, por exemplo) via medidas burocráticas, como o registro e credenciamento, e taxações sobre artistas e grupos culturais de rua também é uma política privatista e, mais ainda, antipopular e elitista. Isso ocorre em diversos municípios e, especialmente, em Campo Grande. Tão elitista e antipopular quanto, é a ausência de fomento para circulação contínua e cotidiana dos espetáculos, festivais e mostras e etc nas periferias.

A luta das/os artistas é a luta do povo!

Os debatedores salientaram que é um equívoco circunscrever a luta à própria categoria. Certamente, é legítimo lutar por melhores condições de trabalho, que garantam a sobrevivência digna do artista. Como A OCC-MS já afirmou em texto anterior, artistas são, quase sempre, trabalhadores sob contratação precária, temporária, sem seguridade social e insuficiente respaldo sindical.

Porém, o que está posto é o “o exercício pleno dos direitos culturais e o acesso público à Cultura” para toda a população. Com o acúmulo de mobilizações e tensionamentos com o Estado, garantiu-se alguns marcos legais que resguardariam tais direitos, em alguma medida. Mas, nunca houve a execução efetiva e total de nenhum destes.

“Não negociar Direitos”, sejam positivados ou tácitos, é a orientação política assumida pelo movimento, afirmaram alguns dos debatedores. Em tempos de negação e retirada de direitos e de míngua das políticas sociais, torna-se obrigatório não recuar, não transigir – resistir e lutar pra garantir!

A “crise” na gestão municipal

É preciso situar que o embate dos artistas e trabalhadores do ramo da Cultura campo-grandenses com a prefeitura não está isolado. Outros setores – e respectivas pastas – experimentam a “crise” na gestão municipal. Mas, que crise é essa? É a instabilidade gerada por um conflito intraclasse (burguesa/latifundiária) – o mesmo conflito intraclasse que resultou na cassação do prefeito “regularmente” eleito, Alcides Bernal (PP), e que gera “instabilidade política” no atual executivo municipal e tensões entre este e a Câmara dos Vereadores.

Se o anterior foi deposto sob acusações de improbidade administrativa e corrupção (contratos “emergenciais”), o atual (Olarte) encontra-se envolto em denúncias equivalentes, além de relações com uma rede de exploração sexual de menores (pedofilia), suspeita de uso de instituições religiosas para praticar “lavagem de dinheiro”, nepotismo cruzado, “cupinchagem” e tantos outros escândalos que emergem semanalmente. Resulta, disto, problemas como: falhas na infraestrutura, operação tapa-buracos que não foi efetuada, mas sugou verba suntuosa; uso de verba pública para fazer proselitismo religioso e beneficiamento/contratação de fiéis de cultos afins; corte de plantãoes de enfermeiros e atraso nos repasses para a Saúde;  atraso na entrega de uniformes e material escolar, sucateamento das escolas; aumento do valor da tarifa de transporte coletivo (ônibus); e etc.

Além destas, são algumas das pautas da Cultura: imediata aplicação de 1% da arrecadação municipal, anualmente, conforme previsto na Lei Orgânica do Município; repasses, do FMIC e Fomteatro, pagamentos de cachês atrasados. Publicação dos editais destes fundos para o ano acorrente; reativação e/ou revitalização de espaços públicos, tal como o Paço Municipal.

Não há “crise” para os exploradores sexuais, empreiteiros, gestores de empresas-seitas, agiotas e latifundiários. Há um conflito de interesses e disputa de privilégios entre os inimigos do povo. A crise é a rotina da população campo-grandense! A classe trabalhadora, os diversos setores populares, deve se organizar e enfrentar nossos inimigos. Mas a contradição não é entre o prefeito anterior (e seus apoiadores) e o atual e comparsas – a contradição é entre eles e o povo trabalhador!

 

Mas, e os sindicatos de artistas?

Assim como ocorre com as outras categorias, as representações sindicais estão tomadas por burocratas a serviço de interesses que divergem dos da classe trabalhadora. Da mesma forma, ocorre um distanciamento entre a base e os dirigentes. A estrutura sindical, tutelada pelo Estado, enquadra esta e todas as outras categorias nos limites da barganha legalista.

Especialmente nestes casos de organização sindical de categorias majoritariamente composta por precarizados, é corriqueira a “representação sindical” do tipo colaboracionista – aquelas que negociam em favor das entidades patronais, de forma mais ou menos dissimulada. É preciso impulsionar a criação de oposições sindicais submetidas à categoria e aos interesses da classe trabalhadora, inteiramente independentes da burocracia e das patronais.

Como funcionam os colegiados setoriais de Cultura?

Em tese, reproduzem uma estrutura federalista, de baixo para cima. Os delegados de base são eleitos pelos seus pares em assembleias de categoria ou setor. Alguns colegiados por município, estado ou região chegam a ter relativa autonomia política em relação ao governo federal, mas limitados pelos executivos estaduais e municipais, via respectivos conselhos paritários.

Agrava-se que, numa dimensão nacional, a autonomia relativa é anulada – pois o colegiado nacional passa a pertencer ao Conselho Nacional de Política Cultural (CNPC, de composição partitária, ou seja, “sociedade civil” e Estado). Nessa instância, os colegiados são “engolfados” pelo Estado e submetidos ao Ministério da Cultura, que tem poder de veto. Passam a ser meros proponentes de políticas que se transmutam, via de regra, em protocolos de “intenções” que não se concretizam.

Não é admissível que estrutura tão complexa, ampla e enraizada seja apenas uma instância consultiva, uma alegoria “democrática”. Ainda menos admissível, que tal estrutura seja ignorada pelo governo federal, que veio compor as mesas de negociação e readequação de políticas para a Cultura com representantes biônicos ou sem legitimidade junto às bases.

 

Orçamento público e gestão popular com independência política!

É preciso que os artistas estejam atentos, que os colegiados não se tornem palco do oportunismo. Mas, defendemos a manutenção da dinâmica de colegiados. Porém, como formuladores de políticas e gestores do orçamento público para a Cultura – com autonomia política em relação aos governos, dado que é instância organizativa da classe. E, ainda, alertamos para o frequente problema de cooptação e aparelhamento de tais instâncias.

Esta mesma solução é a que defendemos para todos os demais serviços essenciais e que, recorrentemente, tem sido apresentada pelos grupos mais avançados que atuam em defesa do transporte (verdadeiramente) público e coletivo, por exemplo.

Alguns problemas e limites das políticas públicas para a Cultura

De forma geral – em âmbitos municipal, estadual e federal – os artistas encontram grandes dificuldades para se adequarem às exigências burocráticas dos editais, quão mais os artistas de comunidades tradicionais que não atuam na dimensão formal. De tal modo que, concomitante à profusão de editais, surge uma verdadeira máfia de produtoras. Empresas privadas que, instrumentalizadas da linguagem jurídica, capacitadas para a lide burocrática e praticantes do mais pérfido lobby, concentram projetos dos mais suntuosos e abocanham percentual considerável da verba destinada a estes. Resulta que os projetos contemplados por fundos públicos têm cada vez menos qualidade artística e comprometimento social e cada vez mais adequação formal.

Ademais, é preciso ir além e rejeitar a lógica privatista por trás da maioria dos editais de fomento – que impõe que os artistas atuem como concorrentes, disputando verbas eventuais entre si, assassinando o sentimento coletivo que permeia a subjetividade artística. Ao invés de ocorrer repasse direto de verbas públicas para os grupos culturais, há repasse indireto destes valores para grandes empresas privadas, na modalidade de “renúncia fiscal” pelo Estado.  Isso ocorre quando uma empresa “patrocinadora”, além de cometer ingerência sobre a execução dos projetos culturais, usa e abusa da “contrapartida publicitária” sobre estes e ainda é contemplada com isenção fiscal.

É necessário, também, regionalizar os editais – mesmo aqueles com fundos nacionais – de forma a contemplar as especificidades culturais de cada região. E, justamente para se combater a precarização do trabalho do artista, é preciso rever a legislação contratual (de grupos, cooperativas ou indivíduos) quando estes “prestam serviços” para o Estado.

Formalmente, nenhuma política para a Cultura poderia passar sem a consulta dos colegiados setoriais. Ocorre que os colegiados nem sequer são consultados ordinariamente, como sequer o “direito à consulta” é garantia de execução de quaisquer pautas. Entretanto, nenhuma mudança significativa em favor dos artistas e trabalhadores da cultura será garantida se, simultaneamente às reivindicações, estes não fortalecerem suas estruturas auto-organizativas. Para isso, urge capilarizar a organização e incorporar segmentos diversos, ganhando respaldo popular.

Avaliação da OCC-MS  do processo de luta dos artistas campo-grandenses

Como bons companheiros, não dissimulamos as críticas. É no próprio movimento, na ação, que as contradições emergem – e é no fluxo da luta que os problemas são depurados e que os métodos são aprimorados. Dito isto, apontamos que toda tendência institucionalizante é perniciosa. Afirmamos não por sectarismo ou por infantilidade. Muito pelo contrário. Pois a correlação de forças, sim, é desproporcional e dentro da maquina burocrática serão triturados pelas engrenagens. Quando a luta se encerra nos gabinetes, morre nas negociatas.

Sabemos que é natural associar a luta dos artistas à ludicidade e tal abordagem é muito apropriada para angariar apoio popular. Porém, ludicidade não intimida prefeito! Será com táticas combativas em aliança com outros setores populares e frações proletárias, como a interrupção da maquina burocrática e da circulação de mão de obra e mercadorias, que conseguirão fazer com que os gestores do município se sintam pressionados.

Lembrem-se do compromisso coletivo, social, que assumem enquanto difusores do pensamento crítico. Os inimigos do povo (dos povos indígenas, dos camponeses, dos periféricos e etc.) são inimigos vossos também – em que pese todo discurso demagógico e oportunista em apoio à luta dos artistas. Não se esqueçam de que as mesmas legendas que montam nas costas do movimento com a finalidade de autopromoção, são as legendas que no âmbito estadual estão sucateando a cultura e enxugando as verbas para a pasta, aquelas que promoveram a mesma política de sucateamento quando assumiram gestões consecutivas da Cultura em âmbito municipal.

E que o atual corpo da vereança foi o mesmo que colaborou com a deposição do prefeito anterior: é uma disputa intraclasse (entre grupos comprometidos com a burguesia e com os “coronéis”) e a luta do artista é a luta do povo. Destituem um, aparece outro. Tenham em mente que o município incrementou o orçamento da Guarda Municipal e a submeteu a treinamentos específicos para a contenção de manifestações políticas. E é a mesma Guarda Municipal que reprime com truculência grafiteiros, malabaristas e artesãos (também artistas!). É a guarda garantidora da ordem fundamentalista imposta pela atual gestão municipal, está a serviço dos nossos algozes.

Saudamos o “SOS CULTURA” pela construção assemblearia, democrática, das pautas e pelo esforço em constituírem aliança com outros setores do povo, da classe trabalhadora – e garantimos que o sucesso desse intento se deu exatamente porque os artistas da cidade se mostraram solidários às lutas de outras categorias e frações do proletariado. A combatividade deste movimento e o exercício da independência política têm encorajado outros setores, fazendo do “SOS CULTURA” referência não apenas no município e no estado. Inspiram-nos a lutar!

 

ARTE PÚBLICA, LUTA DO POVO!

NÃO NEGOCIAR DIREITOS! LUTAR PARA GARANTIR!

AVANTE, ARTISTAS DO POVO!

EVOÉ! BRAVO!

 

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Artistas do povo em luta!

Artistas de Campo Grande (MS), revoltados com sucessivos calotes por parte da Prefeitura, ocuparam a sede da Fundação Municipal de Cultura (Fundac) por 30 horas (dias 3 e 4 de março), “interrompendo” a inoperância da autarquia. Desde então, uma sequencia de atos têm sido realizadas pelos artistas e trabalhadores da cultura, intercalados com assembleias abertas aos segmentos apoiadores. No dia 9, uma comissão eleita em assembleia se fez presente, sem ilusões, em uma mesa de negociações com a prefeitura (mas, com o prefeito ausente desta). A negociação foi um fracasso (para a prefeitura, pois os artistas estão determinados a vencer e seguem mobilizados).

Tendo em vista que a OCC-MS é formada por estudantes, filiada a uma rede de coletivos estudantis do ensino básico e superior (RECC) pertencente ao FOB – que por sua vez também é composto por oposições sindicais de trabalhadores da Educação – afirmamos convictamente:

– A luta dos artistas é pela Educação!

Repudiamos as declarações do executivo municipal, que tentou inferir uma falsa hierarquia entre Educação e Cultura. Primeiramente, afirmamos que tal inferência é mentirosa e demagógica, porque a Cultura (produzida pelo povo e para o povo) e a Educação são complementares e interdependentes. Sequentemente, apontamos que a reserva de 1% do orçamento municipal para a Cultura significa, obviamente, que não há ônus orçamentário para a Educação, Saúde ou quaisquer setores. Isto, porque tal verba tem uma destinação fim e não pode ser redistribuída para outras pastas.

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Por que a luta dos artistas também é pela Educação?

É preciso superar a ideia de que a Educação ocorre apenas em espaços formais (nas salas de aula, por exemplo). A produção e reprodução de conhecimento e, ainda mais, a reflexão coletiva dos processos sociais ocorrem em todos os âmbitos da vida. Mas, necessariamente, os artistas do povo – aqueles comprometidos com a diversidade étnica e cultural e com o fomento à criticidade – são imprescindíveis para a proteção dos saberes populares, para a sensibilização e empatia em relação aos grupos oprimidos, para a reflexão sobre o nosso papel na história e para salvaguardar as experiências dos “de baixo” (classes exploradas) do silenciamento e manipulação promovidos pela indústria de “verdades oficiais” (mídia burguesa). Artistas são “educadores”, portanto.

Quais são as reivindicações dos artistas campo-grandenses?

Apesar dos artistas e demais trabalhadores da Cultura se regozijarem de Campo Grande ser o primeiro a contar com um Plano Municipal de Cultura, tal plano não foi executado. A pauta central é a implementação imediata e integral deste. São outras, específicas:

– Imediata aplicação de 1% da arrecadação municipal, anualmente. Tal repasse está previsto na Lei Orgânica do Município desde dezembro de 2013 (via a emenda nº 33/2013 que modifica o art. 182, acrescentando os artigos 183-A e 184-B). O total deste montante nunca foi repassado para a categoria. Parcialmente, foi utilizado para cobrir os gastos administrativos da Fundação de Cultura do município (Fundac, autarquia inflada de cargos comissionados pela atual gestão municipal e assombrada por funcionários fantasmas), configurando um óbvio desvio de finalidade dos recursos, e usada para financiar grupos vinculados a seitas neopentecostais, base de apoio do atual executivo municipal (pouco mais de dez milhões, até agosto do ano passado). Ainda assim, gastou-se muito mais com folhas de pagamento do que com projetos culturais, seja lá de qual “tipo” for. Mas a maior parte deste recurso não foi empenhada. Para 2014, previa-se o repasse de um total de R$ 33.950.000,00. Pra onde foram os 23 milhões restantes?

– Repasse, imediatamente, para os projetos contemplados pelo FMIC e pelo Fomteatro (fundos de fomento à Cultura e ao Teatro, respectivamente), relativos a 2014. Pagamentos de cachês atrasados. Publicação dos editais destes fundos para o ano corrente.

– Reconhecimento, de fato, da Cultura como basilar de uma sociedade plura; garantia da diversidade cultural, étnica e religiosa; a proteção e o fomento de expressões culturais e artísticas tradicionais e populares.

– Reabertura do Paço Municipal, fechado há mais de duas décadas.

Qual foi a contraproposta da prefeitura?

Após ações culturais e políticas ao longo de 2014 e início de 2015, após incontáveis tentativas de negociação e mesmo com ações mais contundentes, como piquetes e ocupações, a Secretaria de Finanças ofereceu em reunião com a categoPiquete em frente à prefeitura. Sem acordo, não tem arrego!ria (9 de março) o pagamento de 1 milhão (em cinco parcelas de 200 mil) referentes apenas ao repasse do ano passado da verba dos fundos (sendo que a dívida é de cerca de 5 milhões). E nada dos 1%. Os artistas, corretamente, retiraram-se da mesa de negociações e deram continuidade às mobilizações. A LUTA SEGUE, ATÉ A VITÓRIA!

Artista é trabalhador?

As organizações de esquerda e sindicais têm preterido setores cujos labores são temporários, informais, “autônomos” e etc. Isso, em parte, pela fetichização do “sujeito revolucionário”: o “operário chão de fábrica”, que produz mais-valia, que faz “trabalho produtivo”. DecorreJovens do movimento Hip Hop observam audiência Pública após manifestação. Nenhum acordo! Não tem arrego! disto, o isolamento de grande parte dos trabalhadores brasileiros dos processos organizativos de classe. Apontamos, por exemplo, um contingente majoritário de subempregados, subcontratados, temporários, precarizados e etc., que denominamos como “proletariado marginal”. Grande parte dos artistas trabalha nestas condições. Abandonemos a imagem “glamourosa” dos artistas televisivos destacados pela indústria cultural. Falamos aqui de milhares de artistas, do campo e da cidade, que vivem de ganhos esporádicos e imprevisíveis. Como agravante, artistas da “velha guarda”, aqueles excluídos do mercado, contam com aposentadorias módicas por critério de idade.

Sim, artistas são trabalhadores. Vendem sua força de trabalho (física e criativa) para o Estado ou para empresas privadas. Alguns, informalmente, nas ruas e para o povo. É importante desmentir o discurso de “empreendedorismo” imposto a uma parcela destes trabalhadores, que vendem sua força de trabalho individual sob o signo de CNPJ (pessoa jurídica, empresa), conferindo-lhes a condição de “prestadores de serviço” precarizados, ou seja, sem nenhuma seguridade trabalhista.


Saudamos a valentia e a ousadia dos artistas em luta. Reconhecemos a combatividade da categoria e afirmamos que muitas outras ficaram instigadas a lutar com tal bravura. É notória a ocorrência de um gradual e cumulativo fortalecimento da luta e sabemos que isso se dá por não recuarem perante a repressão e as ofertas ultrajantes.

Também saudamos pela construção assemblearia e democrática das pautas e, também, pelo esforço em construírem aliança com outros setores da classe trabalhadora – e garantimos que o sucesso desse intento se deu exatamente porque os artistas da cidade se mostraram solidários às lutas de outras categorias, segmentos populares e frações do proletariado.

Ainda, lembramos que os artistas, ao longo da história, foram e são f11001672_10204928171181585_5351308953852908952_oundamentais na disputa ideológica promovida em alicerce às organizações proletárias e revolucionárias. Quando a produção artística é identificada com a causa do povo, torna-se uma ferramenta valiosa de mobilização, agitação e propaganda. Não esqueçamos que muitos revolucionários passaram por palcos e praças antes de assumirem outros fronts.

A OCC-MS (RECC-FOB) apoia os artistas de Campo Grande (MS) e convoca os estudantes e trabalhadores da Educação, de todos os níveis de ensino, a se juntarem à luta da categoria. São trabalhadores que dependem do repasse de verbas para executarem projetos populares e gratuitos, mas também para sobreviver. É uma luta justa, por trabalho digno e por respeito à categoria!

Nossa solidariedade e sincero respeito!

Saudações de fraternidade classista!

Avante, artistas do povo!

Evoé! Bravo!

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Liberdade para Igor Mendes e todos os presos políticos

preso político RECC Igor MendesLiberdade para Igor, Rafael, Caio e Fábio.

Ir ao combate sem temer!
Ousar lutar, ousar vencer!

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Engrossar as fileiras do Movimento Estudantil classista e combativo!

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Avante o Feminismo Classista!

feminismo classista reccAvançar com o feminismo classista e impulsionar os comitês de autodefesa das mulheres!

A luta da mulher é a luta do povo e a luta do povo é a luta da mulher!
Solidariedade de classe para combater o machismo, mulheres na linha de frente pela emancipação integral de toda a classe trabalhadora!

Avante, companheiras!

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LIBERDADE PARA TODOS OS PRESOS E PERSEGUIDOS POLÍTICOS!

LIBERDADE
Igor Mendes da Silva, estudante de Geografia da UERJ, após usar o direito de permanecer calado, foi encaminhado ao Complexo Penitenciário de Bangu onde aguardará o julgamento do processo (16/12) sob prisão preventiva “possivelmente por alegação de quebra das condições de liberdade”, segundo o advogado do povo, Marino D’Icarahy.

Ontem (02/12) a polícia procurou os ativistas Elisa Quadros (Sininho) e Jair Seixas (Baiano) em suas residências sem conseguir encontrá-los. Segundo o Coletivo Olhar Independente, foi confirmado que há mais mandados de prisão expedidos para serem cumpridos.

Os mandados de prisão preventiva foram expedidos pelo Juiz Nicolau Itabaiana, o fundamento da medida, porém, permanece desconhecido. Igor Mendes, que se encontra assistido pelo advogado do povo André de Paula, enviou um recado para os amigos e familiares que acompanham seu caso:

“Levantem a cabeça e participem de todas as reuniões marcadas para hoje”.

Nesse sentido, a Frente Independente Popular conclama os independentes Coletivos e ativistas a lutarem pela liberdade de Igor Mendes e de todos os perseguidos políticos da democracia burguesa brasileira.

(reprodução do texto da Frente Independente Popular)

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Boicote o ENADE!

O ENADE, exame imposto por uma MP de Lula, se configura como um sistema de avaliação meritocrático, mercadológico e que romove um pensamento único ao desconsiderar em sua avaliação as diferenças regionais, assim como rompe com a autonomia didático-pedagógica universitária. A lógica neoliberal, que fornece cada vez menos recursos para as Universidades Públicas, é gravada no ENADE uma vez que este prevê um ranqueamento punitivo: as universidades “boas”, tirando notas altas, recebem mais verba para continuar “boas”, enquanto as “ruins”, tirando notas baixas, recebem menos verba, continuando “ruins”!
Além disso, o ranking serve como elemento de propaganda para as Universidades particulares abrirem mercado e aumentar suas mensalidades. O ENADE é um elemento da Reforma Universitária Neoliberal, se encaixando no bojo do sucateamento da coisa pública, onde se privilegia o ensino privado, assim como as empresas e fundações ditas de “apoio” que se instalam nas universidades públicas sugando pessoal, estrutura e conhecimento. Tal lógica contribui, então, com a superexploração da juventude e com o lucro da burguesia, que utiliza mão de obra barata e qualificada, onde exames como o ENADE assegura que as Universidades estejam ensinando o que o mercado demanda.
Devemos, enquanto defensores de uma Universidade que sirva a classe trabalhadora, boicotar esta avaliação que na verdade
é interesse apenas dos gestores do capital.

– O BOICOTE consiste em ir realizar a prova, mas deixá-la em branco para zerar a nota. Esta prática não acarreta nenhum problema no histórico curricular. BOICOTE O ENADE!

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*Texto retirado da 6° edição do Jornal Avante!

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RECC: 5 anos de luta classista e combativa (2009-2014)

Neste ano de 2014, a Rede Estudantil Classista e Combativa comemora seu quinto aniversário! Desde 2009 traçamos uma opção por reorganizar o movimento estudantil de baixo para cima. Jamais nos desviamos deste objetivo. Construimos importantes mobilizações, organizando grêmios, centros acadêmicos, greves, ocupações, formações políticas. Com ação direta, enfrentamos reitores, diretorias, governos, polícia. Sem rabo preso com os partidos eleitorais, mas sempre junto aos trabalhadores e trabalhadoras. Seguimos construindo o sindicalismo revolucionário no Brasil, consolidando a união proletária-estudantil! Nas ruas e escolas de vários cantos do Brasil, agitamos sem temer a bandeira da educação popular, a serviço da classe trabalhadora! Nestes cinco anos, desejamos que venham mais cinco décadas! Estamos prontos! Não nos matarão!

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Justiça ao povo mexicano!

Solidariedade a todos que lutam no México, em particular aos familiares dos 43 desaparecidos!

Nota do Fórum de Oposições pela Base:
https://lutafob.wordpress.com/2014/10/26/o-estado-mexicano-assassina-estudantes-e-o-povo-se-revolta-por-todo-o-pais/

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